terça-feira, 22 de maio de 2007

DESPREZANDO O DESPREZO

Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. (Is 53:3)

Os escritores do Novo Testamento citam o profeta Isaías mais do que todos os outros profetas juntos. Nenhum outro livro do Antigo Testamento é tão integralmente messiânico como o de Isaías. Ele poderia ser facilmente denominado de o “quinto evangelho”, em virtude de suas variadas e detalhadas previsões sobre a pessoa, o caráter e o ministério do Messias (Is 7:14-15, 9:6-7, 11:1-2,4-5,10, 24:23, 25:8, 32:1, 35:4-6, 40:3,11, 42:2-3, 44:6,24, 45:1-12, 61:1, 63:1-6). De todas as profecias messiânicas, nenhuma é tão clara e forte como a registrada capítulo cinqüenta e três, em que é dada uma das descrições mais reveladoras da pessoa de Jesus e a obra que ele realizaria na sua primeira vinda.
Na lição de hoje, veremos que Isaías descreve o Servo sem beleza, segundo o conceito humano, desprezado e rejeitado entre as pessoas (Is 53:2-3). Foi considerado desaprovado e afligido por Deus (53:4). Apesar de ferido pelos homens, não foi isso que trouxe a salvação, mas o fato de ter Deus colocado sobre ele as transgressões de todos nós (53:6,10). Surpreendentemente, essa oferta “agradou” ao Pai, no sentido de lhe proporcionar satisfação completa, com referência à vitória sobre o pecado. Isso é comprovado pelo fato de que a única oferta do Filho proporcionou expiação absoluta do pecado e intercessão contínua em favor dos pecadores (Is 53:10-12).[1] Como diria, mais tarde, o escritor da epístola aos Hebreus: ... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado (Hb 9:26b).

I – DE OLHO NA PALAVRA DE DEUS

Quando Adão pecou e, com ele, toda a humanidade, Deus, por pura compaixão e bondade, prometeu que enviaria a este mundo aquele que iria vencer aquele que havia levado o ser humano ao terrível estado de perdição espiritual (Gn 3:15). À medida que o tempo foi passando, a revelação acerca desse ilustre personagem foi crescendo, através das promessas que Deus fizera, primeiramente, aos patriarcas e, posteriormente, aos profetas. Deus, porém, sempre fez questão de frisar que a vinda do Messias seria marcada, não pela suntuosidade, mas pela simplicidade. Apesar desses alertas, os rabinos ensinavam que o Messias seria um homem tão poderoso que traria a Israel imediata liberdade política e militar. Uma vez que a profecia de Isaías estava fora desse esquema teológico, muitos não creriam nela: Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? (Is 53:1).
Isaías prossegue mostrando que Jesus foi o homem mais desprezado e mais indesejado do seu tempo e da sua nação. Ele começa descrevendo a insignificância e a simplicidade de seu nascimento e de seu aparecimento: ... porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca (Is 53:2a). Ele não nasceu como nem onde nasciam os filhos dos nobres, ou seja, de maneira exuberante e em ambiente pomposo. Ele veio ao mundo numa pequena cidade e numa família que não tinha recursos sequer para comprar o cordeiro para o sacrifício da purificação, pelo que ofereceu somente dois pombinhos.
A sua origem simples seria facilmente perceptível: ... não tinha aparência nem formosura (Is 53:2a). Ele não teria aspecto exterior de grandeza ou de nobreza. Não se veria naquele homem que nasceria, não na capital, mas na periferia, não no palácio, mas no estábulo, nada que indicasse majestade, resplendor e magnitude. Por não possuir beleza, realeza, posição, recursos terrenos, as pessoas que amavam e buscavam esses valores mundanos não se agradarariam dele: ... olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse (Is 53:2). Entre o seu próprio povo e a sua própria terra, ele seria tratado com incrível desprezo e profunda rejeição. Ele não teria o apoio dos homens poderosos e presunçosos do mundo religioso – autoridades judaicas – e do mundo político – autoridades romanas: Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; (Is 53:3a). Ele seria ignorado: e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso (Is 53:3b)
Por que o Messias teria uma existência marcada por tamanho sofrimento? Isaías responde, dizendo: Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si (Is 53:4). Ele sofreria não por causa dos próprios pecados, mas por causa dos pecados dos outros. Muitos, porém, pensariam o contrário: ... e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido (Is 53:4). Muitos judeus – e muitos crentes de hoje – sempre diziam que todos os tipos de sofrimentos ou enfermidades eram resultantes ou de “pecado pessoal” ou “pecado familiar” (Jó 4:7-9; Jo 9:1-2). Nem todo infortúnio, todavia, é resultado de pecado pessoal. Jesus é a maior prova disso. Sendo verdadeiramente humano, Jesus experimentou todas as tentações humanas, mas não cedeu a nenhuma (Hb 4:15b).
Ninguém poderia convencê-lo de pecado (Jo 8:46). Acerca dele, diria Pôncio Pilatos: Não vejo neste homem crime algum (Lc 23:4). Sendo assim, por que aquele que não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano (I Pe 2:22) fora castigado por Deus? Por causa do pecado, não dele, mas nosso! Os judeus estavam certos em duas coisas: acertaram “a fonte do castigo” – Deus – e “a razão do castigo”, pecado; erraram, porém, naquilo em que deveriam ter acertado: o pecado não era dele, mas nosso, pois ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades (Is 53:5 – NTLH). Como diria Paulo, muito mais tarde: Em Cristo não havia pecado. Mas Deus colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com ele, vivamos de acordo com a vontade de Deus (II Co 5:21 – NTLH).
De fato, “o servo levava sobre si os pecados dos que o contemplavam e que imaginavam que ele sofria um castigo enviado por Deus por causa do seu próprio pecado”.[2] Como frisa outro comentarista: “eles crêem em Deus e consideram o sofrimento como castigo pelo pecado. Só que eles observam o pecado no Servo, e não em si próprios”.[3] Embora nunca tivesse mentido, Jesus carregou a desgraça dos mentirosos. O fato é que, embora nunca tivesse enganado, sentiu o embaraço dos trapaceiros. Tendo uma vez carregado o pecado do mundo, sentiu o pecado do mundo todo. Ele vestiu nossas injustiças para que pudéssemos vestir sua justiça.
Isaías prossegue dizendo que o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53:5b). O que se diz, nesta frase, parece não ter lógica, nem sentido, pois “ninguém espera que um castigo no verdadeiro sentido da palavra, o ato de sofrer uma sentença judicial – resulte em paz, nem que cura resulte de chagas”. O leitor da profecia se espanta ainda mais, quando descobre que as pessoas pelas quais o Messias iria sofrer e morrer não seriam justas, mas ímpias: Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho. O castigo que essas ovelhas teimosas e rebeldes mereciam seria aplicado ao Messias: ... mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
Agora, Isaías passa a mostrar como o Messias se portaria diante do sofrimento. Ele seria violentamente atormentado e horrivelmente desdenhado, mas não faria nada para se proteger das muitas agressões físicas e não diria nada para se defender das várias acusações injustas. Isso é incomum! Quando alguém é tratado de maneira injusta, quase sempre assume um comportamento agressivo, atacando fisicamente o agressor, ou passivo, lamentando verbalmente a agressão. Jesus, porém, ao ser tratado com injustiça, não abriu a sua boca para defender seus direitos, nem para lamuriar as suas tristezas: Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Como diria Pedro, o mais falante dos discípulos, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente (I Pe 2:23).
Após ser oprimido por homens injustos, o Messias seria arrebatado ao lugar da execução: Por juízo opressor foi arrebatado (Is 53:8a). Na sua morte, também ninguém se importaria com ele: ... e de sua linhagem, quem dela cogitou? (Is 53:b) Ali, ele seria violentamente assassinado: Porquanto foi cortado da terra dos viventes (Is 538c). Mais uma vez, Isaías volta a frisar que tudo que ocorreria com o Messias seria devido ao pecado da nação: ... por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido (Is 53:8d). Os inimigos do Messias decidiriam que o seu enterro seria tão desonroso quanto a sua execução: ... designaram-lhe a sepultura com os perversos (Is 53:9a). Depois de executado entre criminosos, o Messias seria sepultado entre os criminosos, mas com o rico esteve na sua morte (Is 53:9b). Graças à ousada e bondosa intervenção de um membro do Sinédrio, esta humilhação final seria afastada (Mt 27:57-60; Mc 15:42-46).
Quem entregou Jesus para morrer? Não foi Judas, por dinheiro; não foi Pilatos, por temor; não foram os judeus, por inveja; mas o Pai, por amor. Como observa Stott, “no nível humano, Judas o entregou aos sacerdotes, os quais o entregaram a Pilatos, que o entregou aos soldados, os que o crucificaram. Mas, no nível divino, o Pai o entregou”.[4] Embora extremamente humilhante e dolorosa, a morte do Messias fazia parte dos planos de Deus: ... ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar (Is 53:10a). Como diria Pedro, muito tempo depois, Deus, por sua própria vontade e sabedoria, já havia resolvido que Jesus seria entregue nas mãos de vocês (At 2:23a). Uma coisa, porém, deve ser dita: “... não devemos ignorar a responsabilidade dos homens maus que tramaram a morte do servo. Mas é preciso também reconhecer que o próprio Deus escolheu esse curso para seu Servo”.[5]
Além de ter sido planejada, a morte do Messias seria também voluntária: ... quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado (Is 53:10b). Desde o começo do seu ministério público, Jesus se consagrou a esse destino. Se ele não quisesse, ninguém o aprisionaria, ninguém o crucificaria. Ele mesmo afirmara: Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade (Jo 10:18a – NTLH). Quando os apóstolos resolveram escrever acerca da natureza voluntária da morte de Jesus, usaram, várias vezes, o mesmo verbo (gr. paradidomi). Assim, Paulo pôde escrever, na saudação de sua epístola aos Gálatas: ... graça a vós outros e paz, da parte (...) do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados (Gl 1:3-4a).
Um futuro glorioso estaria reservado para aquele Servo dedicado e obediente: Ele verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos (Is 53:10b). Muitos não o acolheriam, mas todos que o acolhessem receberiam poder para se tornarem filhos de Deus. Então, Isaías afirma que, depois de tanto sofrimento, ele será feliz; por causa da sua dedicação, ele ficará completamente satisfeito (Is 53:11a – NTLH). Deus não somente livraria o Servo Sofredor da Morte, mas também o elevaria a uma posição de honra: Por isso, eu lhe darei um lugar de honra; ele receberá a sua recompensa junto com os grandes e os poderosos (Is 53:12a). Deus exaltaria soberanamente a Jesus, dando-lhe um nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, (...) e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fl 2:9a-11). Aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra (Hb 2:9a)

II - E AGORA, O QUE FAZER?

1. Sigamos o exemplo de firmeza inabalável de Jesus.
O Messias permaneceu firme, apesar de ter sido desprezado, depreciado, desonrado, incriminado, caluniado e castigado pelos seus. Foi ele quem suportou tudo, quem se recusou a desistir, decidiu que nenhum obstáculo o levaria a abortar sua santa missão. O escritor da epístola aos Hebreus destaca que o Messias não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou com a humilhação de morrer na cruz (Hb 12:2b – NTLH). O mais rejeitado entre os homens teve uma firmeza inabalável! Graças à firmeza inabalável do mais rejeitado entre os homens, a justiça divina foi satisfeita, o hediondo satanás foi julgado, o perverso pecado foi aniquilado e o perdido pecador foi perdoado!
Por várias vezes, a Bíblia nos exorta a sermos firmes: I Co 15:58, 16:13; Gl 5:1; Ef 6:1,14; Fl 1:27, 4:1; Cl 1:27; II Ts 2:15; Hb 4:14; Tg 5:11; I Pe 5:9,12. Por favor, leia todos estes textos. Por que a firmeza é tão exigida? Por três razões: (1) Sem firmeza, não é possível agüentar a provocação, a politicagem, a indiferença, o menosprezo, a perseguição. (2) Sem firmeza, não é possível manter o compromisso, a fidelidade, a esperança, o entusiasmo, a santidade. (3) Sem firmeza, não é possível desafiar a hipocrisia, a intolerância, o conformismo, a negligência, a ostentação. A firmeza é essencial. Assim sendo, não importa o que você esteja enfrentando; fique firme (I Co 15:58); mostre-se confiante e não hesitante, nem vacilante. Lembre-se de que seu principal propósito na vida é agradar ao Senhor, obedecer-lhe, glorificá-lo, obter sua aprovação a todo custo: Estejam alertas, fiquem firmes na fé, sejam corajosos, sejam fortes (I Co 16:13 – NTLH).

2. Sigamos o exemplo de dedicação incansável de Jesus.
Ninguém foi tão “injustiçado” quanto o nosso Salvador. Absolutamente, ninguém. Mas, ainda assim, de maneira incansável e incessante, ele se manteve dedicado ao seu trabalho. Acerca dele, Isaías afirmou: Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito (Is 53:11). Um dos discípulos que mais desfrutou de sua intimidade e de sua proximidade registrou, em seu evangelho, o seguinte: Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar (Jo 5:17). Ele era um homem de dores (Is 53:3b), mas, ao invés de cuidar de suas próprias dores, cuidou das dores alheias (Mt 4:24): andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele (At 10:38). Em três anos de ministério, num país de cerca de 200 quilômetros de comprimento e 60 de largura, Jesus cumpriu cabalmente tudo o que estava escrito sobre ele.
O seu trabalho, que consistia em instruir as pessoas, livrar os cativos, salvar os perdidos, treinar os apóstolos, muitas vezes, iniciava-se pouco antes do nascer do sol (Jo 8:2, Mc 1:35) e se estendia muito após o ocaso (Jo 3:2, Lc 6:12). Ele, sem dúvida, cuidou das ovelhas perdidas da casa de Israel, com destreza e carinho. O mais rejeitado entre os homens utilizou o seu tempo e gastou a sua energia, não para ficar revidando ou lamuriando as ofensas sofridas, mas para matar a sede de muitos, curar a doença de muitos, saciar a fome de muitos, limpar a culpa de muitos. Sigamos os seus passos (I Pe 2:21). Que as nossas oposições não nos paralisem, nem nos enfastiem: Continuem ocupados no trabalho do Senhor, pois vocês sabem que todo o seu esforço nesse trabalho sempre traz proveito (I Co 15:58b – NTLH). Não nos cansemos de fazer o bem. Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita (Gl 6:9 – NTLH). Ainda veremos o fruto do nosso trabalho! Se Jesus Cristo é Deus e morreu por nós, nenhum sacrifício que façamos por ele nos será grande demais.


3. Sigamos o exemplo de humildade constante de Jesus.
Não há exemplo de humildade tão grande como o de Nosso Senhor. A sua humildade, todavia, não deve ser associada apenas ao modo como nasceu, viveu e morreu (Is 53:2-3,7). O que define a humildade de Jesus não são fatores externos, mas internos. Em outras palavras, Jesus não é humilde por causa da sua aparência, mas por causa da sua atitude; isso porque a palavra humildade está intimamente relacionada a submissão. Como disse Paulo, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte—morte de cruz (Fp 2:7b-8 – NTLH). Jesus viveu e morreu em função dos outros. Além de ser necessária, sua morte foi altruísta e benéfica. Ele a empreendeu por nossa causa, não pela sua. Jesus Cristo, sendo sem pecado e não tendo necessidade de morrer, sofreu a nossa morte, a que nossos pecados mereciam.
Tudo se concentra em você! Faça alguma coisa por você, com você ou para você. Como o exemplo de Jesus é diferente! Aquele que veio para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10:45) oferece um convite desafiador e necessário a nossa geração do “eu primeiro”: “Seja um servo, doe-se aos outros”. Você, talvez, nunca tenha parado para considerar que Deus está comprometido com um objetivo principal na vida de todo o seu povo: conformar-nos à imagem de seu Filho (Rm 8:29).
Depois de nos incluir em sua família, pela fé em seu Filho, o Senhor Deus se empenha em colocar em nós a mesma qualidade que tornou Jesus diferente de todos de sua época. Ele está envolvido em produzir em seu povo as mesmas qualidades de serviço e doação humildes e voluntários que caracterizaram seu Filho.[6] Assim sendo, custe o que custar, a humildade contante que tomou conta de Jesus precisa tomar conta de nós: Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus (Fp 2.5). Cristo deu a sua vida por nós. Por isso nós também devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos (I Jo 3:16 – NTLH).

Jesus, o santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus (Hb 7:26), foi desprezado e o mais rejeitado entre os homens. Ele, porém, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia (Hb 12:2). Por favor, preste muita atenção na sentença não fazendo caso da ignomínia, porque, nela, encontramos o segredo da retumbante vitória de Jesus. Esta frase mostra-nos que ele não fez caso da ignomínia. Não fazer caso é o mesmo que não se importar. Ignomínia, por sua vez, é mesmo que vergonha, desonra, desprezo, deboche. Jesus foi vitorioso porque não se importou com “o que diziam sobre” nem “com o que faziam contra” a sua pessoa e o seu ministério. Por causa da alegria que lhe estava prometida, ele suportou toda afronta.
Como dizem as Escrituras Sagradas: Por causa de ti [de Jesus] estamos em perigo de morte o dia inteiro; somos tratados como ovelhas que vão para o matadouro (Rm 8:36 – NTLH). Não foquemos, entretanto, a nossa atenção na humilhação ou na perseguição do tempo presente, pois em todas essas situações temos a vitória completa por meio daquele que nos amou (Rm 8:37 – NTLH). Foquemos a nossa atenção na recompensa do tempo futuro! Não façamos, portanto, caso da ignomínia, pois, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam (I Co 2:9). E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento (II Co 4:17). Deus é por nós! Se Deus está do nosso lado, quem poderá nos vencer? Ninguém! (Rm 8:31 – NTLH). Sendo assim, façamos e vivamos como o nosso Senhor e Mestre: desprezemos o desprezo.

PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO EM GRUPO:

01. Baseando-se nas explicações do comentário, explique com suas próprias palavras Isaías 53:1-3.
02. Após ler o comentário, responda: De que modo Isaías 53:4-6 pode ser compreendido?
03. Fundamente-se no comentário e responda: Como podemos entender Isaías 53:7-9?
04. Com base no comentário, esclareça para a classe o sentido de Isaías 53:10-12.
05. Por que a firmeza é tão necessária e importante? O que Jesus tem a nos ensinar a esse respeito?
06. Pense na incansável e incessante dedicação de Jesus. O que podemos aprender com ele? Leia os textos bíblicos do comentário.
07. O que significa ser verdadeiramente humilde? Por que é tão difícil seguir o exemplo de humildade deixado por Jesus?

Notas Bibliográficas:
[1] ELISSEN, Stanley ª Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: editora Vida, 1999, p. 225 e 227.
[2 DAVIDSON, F. (editor geral). O Novo Comentário. São Paulo: Vida Nova, 3a ed., 1997, p. 732.
[3] RIDDERBOS. J. Isaías: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2a ed., 1995, p. 429.
[4] STOTT, John. A Cruz de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 1991, p. 53.
[5] RICHARDS, Lawrence C. Comentário bíblico do professor. São Paulo: Editora Vida, 2004, p. 455.
[6] SWINDOLL, Charles. Dia a dia. São Paulo: Mundo Cristão, 2005, p. 69.

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